terça-feira, 17 de abril de 2012

Eternidade dos Olhos

Antes do sereno do teu olhar
Eu não conhecia a noite
- A noite do infinito breu.
Noite da invisível luz das estrelas,
Da lua multidimensional.

Antes desse borboletear de pálpebras
Não compreendia o silêncio...
O silêncio inebriado de sons milenares da natureza.

Mesmo antes de ver-te inteira,
Real como uma pintura abstrata
(onde a tinta é cheiro de fruta madura),
Eu era um cego de mil olhos,
Todos irremediavelmente sem destino furta-cor.

Até que mergulhei no tempo
De teu minuto ocular.
Comi a gravidade das horas.
Inventei a gravidez do instante.
E me curei do que os compêndios de medicina chamavam de
: a doença da cegueira eterna.

terça-feira, 3 de abril de 2012

Janela e Nuvens

Dois poemas em homenagem a esse fim de noite chuvoso da capital pernambucana. Aqui, a chuva vez por outra inunda a alma da gente!

JANELA

O cinza do céu do Recife
umedece meus pensamentos mais agrestes...
Um abril líquido escorre pelas paredes, árvores e ruas
alaga minha vista,
inunda meu coração.
O céu do Recife é meu mar!


NUVENS

Recife acinzenta-se.
Sem velório,
o dia morreu encharcado.
Desconheço-me morto ou sobrevivente.
Rendo-me à secura da solidão.
Meu deserto seca a chuva pálida.