Enquanto aguava as plantas do jardim
Nascia um arco-íris no meu quintal
Pintando o ar estático de cores verticais
Flutuando acima da grama e dos pardais.
Como pode surgir tal pintura matinal
De folhas mortas
Por sobre o solo úmido?
Um encontro aquoso
De colorido rarefeito,
Como uma transpiração do olho,
Como o braço do nadador...
Saindo da terra,
As formigas esbarram
Na base daquela escada matizada;
Abandonam folhas,
tropeçam em frutos mortos,
Estão assombradas
Diante da múltipla luz refletida.
Nunca entendi de arco-íris,
Nem do que o destino oferece,
Mas percebo que o assombro da formiga
É inegavelmente mais pleno de realidade
Que o nascimento daquele arco-íris
Enquanto eu aguava as plantas do jardim.
Que lindo poema, Eduardo. Bom restinho de domingo e boa semana pra você, obrigada e um beijo.
ResponderExcluirTalvez eu faça uma ponte com estes versos teus. Embora a realidade seja repleta de assombros diários, diariamente também somos convidados à mesmice do cotidiano. Tu molhas o jardim, Eduardo, e eu sou uma das formigas assombradas com o que não posso conter. Sou pequenina igual folha seca, igual semente ligeira, igual fruto morto...mãos e trabalho em algum momento se assemelham.
ResponderExcluirTeu poema é dos bons!
Magna
Obs.: este final de semana me deparei com um arco-íris duplo. Fiquei certamente assombrada com tanta beleza. Nunca vi nada igual.