domingo, 14 de julho de 2013

Ral Furta-cor

Tu tens um negócio,
que não consigo explicar.
É farol em ilha deserta
É sol derretido no mar.
É luz quando luz não havia
É sopro pro mundo girar.
É mistério em noite enfurecida
É grito pro silêncio acordar.
É solidão que acalma o dia
É escuro que faz assustar.
É berço onde dorme a cria
É leve canção de ninar.
É coragem contra o que temia
É choro que faz soluçar.
É sangue de hemorragia
É medo de se afogar.
É susto no pulo da gia
É travo de umbu-cajá.
É pinote de amarelinha
É doce de se lambuzar.
É dente na fotografia
É planta para se aguar.
A dúvida da teoria
A certeza de outro olhar.
É água da chuva caída
É prece que nos faz rogar.
A arte de viver a vida
É vida de desembestar.

Tu tens um negócio,
que não consigo explicar.
É farol em ilha deserta.
É sol derretido no mar.

2 comentários:

  1. Li de uma lapada só! Ufa!

    Depois li devagar, calmamente, saboreando cada letra, "como doce de se lambuzar", não se trata apenas de uma composição melódica, rimada, uma sonoridade boa de escutar, mas de um solavanco no peito, uma coisa que eu também não sei explicar...rs

    Mas que é lindo, é!

    ;))

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  2. verso na veia, com certeza! palavras suas são mão que adentram goela abaixo e pimba! tira o ar! fantástico!

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